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Da Wikipedia e do Software Livre para os sistemas Humanos Cooperativa

Por Álvaro Nassaralla

Anotações da palestra proferida no Teatro Odeon, 02/dez/11, no evento 'Desafios da arte em rede' (http://culturadigital.org.br/programacao/)

Da Wikipedia e do Software Livre para os sistemas Humanos Cooperativa
From Wikipedia and Free Software to Cooperative Human System


Yochal Benkler – Autor do best seller “The Wealth of Networks” (A riqueza das redes)

Hoje, muitas estórias parelelas conseguem chegar a nós e todos as entendemos, com várias pessoas contando ao mesmo tempo, ao contrário de pouco tempo atrás onde só existia a grande mídia.

O mundo digital desbancou ‘instituições’ impressas como a Enciclopédia Britânica pela capacidade de armazenar e disponibilizar informação em quantidade e velocidade incríveis, e com a construção coletiva de conhecimento. Para Yochal, não foi a Encarta da Microsoft que substituiu a Enciclopédia Britânica, e sim a Wikipedia.

A economia criativa e a colaboração estão acontecendo. Há um processo de transformação, de transição, de processos centralizados para descentralizados. Veja a tabela abaixo:



Plataformas colaborativas para causas

O Ushahidi.com é um sistema de localização e mapeamento de refugiados, no qual as pessoas podem dizer onde estão os problemas.

Mais fundamental do que a tecnologia é o conceito, é a maneira de como olhamos para o mundo e fazermos as coisas acontecerem efetivamente. Por exemplo, o site Zagat que é um guia de restaurantes de várias cidades do mundo, em que a cotação é feita pelos próprios frequentadores.

Segundo o Wikipedia, o Zagat é:

“A ideia de criar um guia com base na opinião dos frequentadores, e não apenas na opinião dos críticos profissionais, e surgiu como resposta à acusação de que em geral os guias de restaurantes não reflectem os gostos e o sentimento da clientela, antes tendendo a seguir modas e as opiniões, nem sempre isentas, dos profissionais. Tomando como base os guias existentes, o casal Zagat decidiu incorporar no seu sistema de classificação dos restaurantes a opinião dos clientes, expressa através de uma sondagem na qual é atribuída uma classificação numérica a diversos aspectos de cada estabelecimento”.

Colaboração e motivação individual

No século XX, Taylor estudou os movimentos das pessoas durante o processo produtivo para otimizar as linhas de produção em série, e hoje chegamos a conclusão de que a melhor maneira de entender as pessoas é interpretá-las em suas motivações, ou seja, a motivação está dentro das pessoas e não pode ser gerada externamente.

A fábrica da GM Freemont foi fechada e aberta com os mesmos funcionários, só que dessa vez, eles eram acionistas e participavam nos lucros. Isso representa uma mudança de paradigmas, da era hierárquica para o cooperativismo.

Cooperativismo

A Escalada da violência nos EUA nos anos 70 levou à criação de políticas de policiamento comunitário para combater o crime, com as pessoas se comunicando rapidamente entre si e com as autoridades para acelerar as providências de segurança.

Está ocorrendo uma mudança do modelo onde todos querem ganhar com suas propriedades para modelos de cooperação ética como um método integrado de cunho técnico, organizacional, institucional e social.

Biologia

Em 1976, um dos maiores biólogos do mundo, Dawkins, desenvolveu uma teoria que dizia que se quisermos criar uma sociedade justa, onde todos cooperem e trabalhem juntos, devemos ensinar a generosidade para as pessoas, pois a biologia não irá colaborar pos nascemos egoístas e competitivos.

O aumento recente dos estudos que usam técnicas de neurobiologia dizem que já nascemos ‘infectados com genes’ cooperativos. Então, ao contrário de 30 anos atrás, os estudos científicos estão provando nossa capacidade de ser menos individualistas e mais colaborativos.

Antropologia, sociologia

Peter Kropotkin, no século XIX, escreveu o livro “Ajuda Mútua: Um fator de evolução”, em parte como resposta para o Darwinismo social. Segundo a Wikipedia, “ele concluiu que a cooperação e a ajuda mútua são os fatores mais importantes na evolução da espécie e na capacidade de sobrevivência”.

Devemos considerar a empatia e a solidariedade, considerando a idéia de que podemos ser mais criativos, mais autônomos.

Construindo Blocos

1. Comunicação – Enquadrando a situação

 Hummm! – fale como uma pessoa

 Litigação x mitigação

 Framing – As pessoas estão falando sobre o ‘jogo da comunidade’ e as pessoas passaram a cooperar (70%), mas no ‘jogo do Wallstreet’ as pessoas começaram a cooperar e depois pararam (30%) – precisamos aprender a criar sistemas para a sociedade: em uma situação cooperativa, você não precisa monitorar, pois as pessoas estão fazendo as coisas de dentro para fora, espontaneamente.

 Empatia – Solidariedade/Identidade grupal – As pessoas se comportam diferente quando se percebem fazendo parte de uma comunidade, elas não se sentem fazendo força, ou sacrifício.

 Orgânico

2. Direito, justo e normal (Right, fair and normal)

 Hume (Ética moral) – Na Wikipedia, por exemplo, quando o assunto entra em questões de fé e crenças, começamos a lutar com nossas normas individuais uns contra os outros;

 Conformismo e imitação – as pessoas tentam achar o normal, tentam achar padrões.

3. Confiança, justiça e reciprocidade (Trust, fairness and reciprocity)

 Experimentos mostram que a interatividade de situações como “pague o que quiser/achar justo” não deram muito certo por causa das diferenças entre ser justo e falta de punição – algumas pessoas precisam de punição para agirem dentro da normalidade.

 O modelo que está tendo melhor resultados é conseguir pessoas que acreditem no seu projeto , música, arte, etc, e possam colaborar e contribuir.

 O egoísmo científico é deixado de lado e aprendemos como criar sistemas humanos mais cooperativos e reconhecer a humanidade em cada um de nós.

Perguntas

Gilberto Gil:

Vou te dar 3 palavras para que você diga o que há de bonito e perigoso nelas: Google, Facebook, Wikileaks.

Yochal Benkler:

Google e Facebook: São ameaças para grandes plataformas cooperativas; O Google criou uma plataforma muito importante para compras, pesquisas, trabalharmos juntos, um conjunto de ferramentas. O Google está indo para plataformas móveis; ele é muito poderoso que pode vir a qualquer momento a ameaçar a privacidade, etc; O Facebook é um caso mais fácil porque é uma plataforma fantástica para a pessoas usarem, mas ao mesmo tempo é perigosa pois retira repentinamente ferramentas que as pessoas estão usando; temos de ter cuidado com o uso comercial de nossas informações pessoais.

O Wikileaks: Julian Assens, herói e vilão, vende suas informações para grandes corporações e doa informações para o mundo. O Wikileaks vem claramente cometendo atos de transparência, dados que são cada vez mais poderosos, mas o que vi na estória do wikileaks foi um tipo diferente de resposta ao governo americano de um ano atrás, desde que o Paypal bloqueou os pagamentos (doações?) ao Wikileaks.

Gilberto Gil:

França, Espanha, países asiáticos, EUA, e também aqui no Brasil, temos o governo se movimentando para regrar a web. O que você acha das atitudes invasivas do governo e dos direitos autorais? Vamos conseguir preservar a liberdade da web? O que você diria para poder nos engajarmos? Existe um risco de sermos complecentes e achando que estamos todos lá, agindo.

Yochal Benkler:

Existe um grande debate para como conseguir redes de tv transmitidas via wifi livre nos EUA para as próximas gerações. Com a cloud (computação em nuvem) podemos estar muito mais nas mãos das organizações comerciais de acesso à comunicação.

Gilberto Gil:

Você enfatizou muito que poderíamos lutar por tudo, que a tecnologia é uma questão politizada, e enfatizou que depende também da evolução do sistema cultural que tem aumentado para chegar a tal ponto de nos levar a um melhor uso da tecnologia. Não há um imperativo tecnológico que leve todos os processos que temos agora para uma situação melhor?

Yochal Benkler:

Acho que a tecnologia tem aspectos que podem tornar algumas coisas melhores e outras piores. A tecnologia básica não basta. Temos de ter pessoas que façam as coisas. A tecnologia está em aberto, há uma constante luta nas questões sociais e políticas. Mas tudo está em aberto, temos que lutar pelo amanhã. A luta continua.